quarta-feira, julho 29, 2020

Soprar o pó

No dia em que a terra soltar línguas de fogo, aí vereis.
Até lá, sejam balas ou cargas, escaparemos todos.

Ligámos as máquinas, ajustámos a cadeira, mudámos o calendário.
Fizemos um chá. Tivemos algumas duvidas na escolha.
Chá verde.
Fomos acusados de racismo.

Voltámos.

sexta-feira, setembro 14, 2018

Compasso

O primeiro sentia o tempo a passar. Não gostava. Queria travá-lo.
"Impossível", exclamou o segundo.
"Passa sempre...ainda agora!" disse-lhe o terceiro.
"Nunca pára" tentava explicar o quarto, enquanto o quinto gritava "Agora! Viu?"
O sexto disse para esquecer.
O sétimo disse para esquecer.
O oitavo disse para esquecer.
O nono disse para esquecer.
O décimo....

- "Irra! Já sei!", gritou o primeiro. "Vai dizer-me para esquecer!"
- "Não. Ia dizer-lhe que a sua senha do pão já passou. Já vai no 4".


sexta-feira, agosto 31, 2018

Estado não anuncia fim da CP

Segundo documentos a que o Teorias das Trevas não teve acesso mas aos quais até não se importava de ter "dado um olhinho", a empresa Comboios de Portugal, responsável pelo serviço ferroviário de passageiros, é de momento proprietária de cerca de meia dúzia de comboios, 3 frigideiras Master Copper e um casal de Shih Tzus.

Depois das dificuldades sentidas durante praticamente todo o verão para cumprir o serviço ferroviário - onde várias circulações sofreram grandes atrasos e outras foram mesmo suprimidas e, em alguns casos, substituídas por taxis - a empresa adquiriu mais uma frigideira, não tendo conseguido melhorar a qualidade do serviço.

Os utentes esperam o pior mas Estado recusa-se a anunciar o fim da CP, tendo já preparado um pacote de aquisições que pode vir a contemplar entre 10 a 15 novas torradeiras de ultima geração.

Sindicatos consideram situação "caótica e insustentável"


Depois de no inicio do ano um estudo ter revelado que a maioria da rede ferroviária se encontrava num estado lastimável e do Estado ter prontamente aberto concurso para "realizações de provas especiais de natação acrobática com recursos a tecnologias renováveis", os sindicatos do sector continuam a afirmar que a situação actual "é extremamente grave" e que "se nada for feito pode acontecer uma desgraça".

Executivo desvaloriza


Embora não tenha sido possível obter uma reacção útil por parte do Governo, que se limitou a indicar o numero de telefone para onde se deve ligar em caso de intoxicação por ingestão de produtos tóxicos (Centro de Informação Antivenenos - 808 250 143), o Teorias sabe que o plano do Executivo passa por suprir as futuras dificuldades através do aluguer de mais um casal de Shih Tzus, aumentando o número para 4, o que dará 2 potenciais equipas de sueca.


Ou seja, não é certo que saibam o que é um comboio.

quinta-feira, abril 21, 2016

Dodging bullets ou "A arte de desaparecer e cestos de vime"

Fazer o impossível e imaginar o inimaginável: isto é poesia.

Um jogo bonito de palavras que separadas são apenas isso, palavras, mas que juntas ganham uma dimensão que tem tanto de bonito como de injustificado, uma vez que separadas são apenas palavras e juntas apenas palavras continuam a ser.
Tretas com uma sonoridade engraçada. E há tantas.

Mas esqueçamos a poesia, estão a chegar os dias quentes.
E projectos há sempre porque muitos nunca o deixaram de ser.
Porque aqui faz-se um bocado de tudo. Quase magia.

Portanto: temos poesia e temos magia, o futuro tem de ser bom.



quinta-feira, dezembro 24, 2015

Atacadores

Ora, 2015 está a acabar e hoje, véspera de Natal, andei a embrulhar uns presentes e constatei que não fiz dois embrulhos iguais.
Aliás, não sei qual deles o mais bem feito, porque todos tinham "um truque", uma manha, uma dobra a mais, um vinco mal feito... mas não me preocupei muito, ou nada, porque aquilo é mesmo para desfazer aos rasgões.

Estabeleci, contudo, uma relação curiosa: eu embrulho presentes como aperto os meus atacadores.
Ou seja: ninguém faz como eu, qualquer um percebe que está mal feito e/ou que não deve ser bem assim mas, no fim, os atacadores estão atados, os presentes estão embrulhados e vamos todos às nossas vidas...

São coisas destas que nos fazem sentir verdadeiramente o Natal, não são?
Deus, não, livra!
São os cajus! O bolo rei, as filhoses, os coscorões, o arroz doce... 

...embrulhos mal amanhados?! Vocês devem estar é parvos!



Um Feliz Natal!

segunda-feira, outubro 19, 2015

De tirar o cavalinho

Se desistimos disto?
Tirem os cavalinhos da chuva.




Não, a sério, tirem os cavalinhos da chuva.
É uma frase que se percebe tão bem, qual é o vosso problema?!

terça-feira, setembro 15, 2015

A anedota do andor de 2 toneladas que era uma anedota

- ...mas ele morreu mesmo como, de doença?
- Não, calma! Para a procissão lá da aldeia fizemos um andor de 2 toneladas e ele caiu-lhe em cima e esmagou-o.
- Epá, essa também é muita boa! Olha esta: está um inglês, um francês e um português num bar...
- Mas que tipo de bar?
- Sei lá, num pub.
- Num pub?! Isso não faz sentido nenhum, vou-me embora...

quinta-feira, agosto 06, 2015

Compressas

Tu bem que te contorces, fechas os olhos, procuras encolher e juras que, se te cortares, não sangrarás, sairá ar ao invés. Mas não. És como os outros, és mais um.
Não és especial.
E mesmo sabendo que sangrarás dirás que não, que não foi fundo, talvez tenha ido mais fundo do que esperavas mas que te safarás bem com meia dúzia de compressas - que se assim foi com os outros também assim será contigo - e em dois ou três dias estarás de volta aos combates, serás mais um na linha que todos aguentam e onde todos esperam voltar a casa. Ela não cairá contigo.
Mas não és especial, já o sabias. E então desesperas.
Quando dás por ti não pensaste.
Quando dás por ti és ridículo.
E quando dás por ti és humano.

Somos todos. Menos o Mendes.
Esse era da Figueira da Foz.
O Mendes era parvo.


José Augusto Moreira, 71 anos,
Reformado

segunda-feira, agosto 03, 2015

Mecânismo

Todos na aldeia desejaram o novo sol.
E foi, com tranquilidade, que o viram erguer-se,
Rasgar o horizonte qual luz indomável,
Fonte de todo o poder, esperança e alegria,
Impondo o seu manto aos campos, às árvores e ás plantações.

Todos dançaram. A ninguém faltou contentamento.
Eis o novo sol.
Eis o novo brilho, o novo calor, a nova vida!
E, dançando, esgotaram 3 dias.

Porém, contudo, o sol era o mesmo.
E há quem diga que todos o sabiam.

domingo, julho 19, 2015

O homem que não sabia correr

O homem que não sabia correr, dizem, tinha das passadas mais bonitas do mundo.
E embora não o soubesse fazer, agora, como devia, eram-lhe atribuídas algumas das vitórias mais sensacionais de todos os tempos.
Um dia, ao perguntarem-lhe o que planeava fazer daí para a frente, ele sentou-se e sorriu.
E descascou uma banana com os pés.

Moral da história? Não faço ideia. E ele muito menos.