Alegoria de palavras escritas
Julho de 2003
"A fábrica da Opel na Azambuja vai produzir 20 mil unidades extra do Combo graças a um concurso ganho pela Vauxhall para fornecer os correios britânicos. Este volume de produção vai ser dividido ao longo dos próximos cinco anos e representa mais de um terço do total de unidades saídas da fábrica portuguesa durante o ano passado.
Para o Presidente da Opel Portugal, Marques Gonçalves, esta encomenda demonstra que Portugal não fica atrás de nenhum outro país no que toca à capacidade de trabalho, à qualidade e ao empenhamento".
in Guia do Automóvel
20 Dezembro 2006
"Amanhã, às 23.10, as máquinas páram na fábrica da General Motors, na Azambuja, ao fim de 43 anos de laboração. A decisão da GM de deslocalizar a produção do Opel Combo para a fábrica de Saragoça atira para o desemprego os 1100 trabalhadores da fábrica, a que acrescem cerca de 400 postos de trabalho indirectos.
O ambiente na fábrica é de "tristeza". (...) A linha de montagem começa a ser desmantelada de imediato e todas as ferramentas afectas à montagem do Opel Combo serão transferidas para a fábrica de Saragoça. Os planos traçados pela GM apontam para que o processo de desmontagem da unidade da Azambuja e instalação das linhas na fábrica espanhola demorará cerca de dois meses. Ou seja, diz Paulo Vicente, Saragoça ficará apta a fabricar o modelo Combo em finais de Fevereiro. Até à data, não houve contactos entre os trabalhadores das unidades portuguesa e espanhola.
No final de 2005, um relatório da GM enaltecia o desempenho da fábrica da Azambuja, ao registar um aumento de produção de 11,2% face a 2004, ao montar 73 711 veículos. Ao nível da qualidade, "a fábrica da Azambuja voltou a apresentar excelentes indicadores e a evidenciar uma elevada eficiência a nível do processo produtivo, cotando-se entre as três melhores unidades industriais da GM Europa". Cinco meses mais tarde, um estudo evidenciava que o custo de produção por veículo apresentava uma desvantagem de 500 euros comparativamente a Saragoça. Amanhã, os trabalhadores do primeiro turno despedem-se da fábrica às 14.30, e os do segundo às 23.10. Depois, o silêncio instala-se até à saída das máquinas, logo a seguir ao Natal."
in Diário de Notícias
5 anos em 3 anos e meio.
É a quase magia de ler o que vai acontecer sabendo o que aconteceu, mas são apenas palavras que duraram mais tempo do que deviam.
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