Música em cativeiro
Dois portugueses, aborrecidos com o facto das rádios passarem sempre as mesmas músicas em loop, prometem maior revolução dos últimos 20 anos.
António Simões e Mário Rodrigues, dois estudantes de Engenharia Mecânica no Instituto Superior Técnico, fartaram-se das playlists da maioria das rádios nacionais e, dizem, tiveram a ideia enquanto ouviam a "Wind of Change" dos Scorpion.
"Corremos tudo, desde a Cidade à RFM, Comercial, Antena 3... estávamos na M80 quando o António gritou "é isso!" e desde aí as ideias têm sido umas atrás das outras" conta-nos Mário, visivelmente entusiasmado.
"É tão boa que até uma rádio como a M80, por exemplo, com uma playlist super datada, específica daquele período, poderá passar musicas novas. É uma proposta de criar velho hoje. O mercado dos anos 80 é enorme e isso dá-nos força para continuar".
A ideia, que sob a forma de projecto conta já com 2 versões, propõe criar música dos anos 80 em cativeiro, em local ainda a designar.
"Teremos de ter algum cuidado, nomeadamente com a variedade do material genético e a alimentação, que será fundamentalmente à base de rações e do Canal TCM, pelo menos de inicio. Dado que será um mundo novo, desconhecido, teremos de ir fazendo ajustes pelo caminho. No fim teremos sucesso", afirma António Simões apesar de saber que existem vozes discordantes.
"Não temos tido sorte nas negociações. Ainda não temos o capital necessário para avançar e os investidores não costumam apreciar ideias revolucionárias sem conhecer resultados, mas os estudos estão a terminar e está tudo no bom caminho".
Rádios aplaudem
"Se for avante será mais que uma lufada de ar fresco" diz Sérgio Mota, locutor da Naftalina FM. "Numa estação como a nossa, onde passamos musicas apenas dos 80's, já não há música nova. Aliás, há muitos anos que não há... poder ter algo novo, mais não seja que um cruzamento de Duran Duran com Barbra Streisand, um Elton John com Madonna, Michael Jackson com Bonnie Tyler... o que eu gostava de uma Michael com uma Tyler...".
Rui Fontes, da Melancolia FM, vai mais longe:
"É reconfortante, nesta altura de crise, ver os jovens com ideias que prometem revolucionar a sério algo, neste caso a industria musical da década de 80. Estaremos cá para os apoiar no que for preciso, não é todos os dias que se faz história".
"Revolucionário", "excitante". Um sem numero de possibilidades.
Editoras não concordam nem percebem
Revolucionária para uns, controversa para outros, a ideia dos dois estudantes não parece encontrar nas editoras a força de que precisa.
Para a "WTF", de Júlio Pires, a ideia parece ser uma brincadeira.
"A sério? Vocês estão a falar a sério? Eles querem fazer o quê? Vocês estão a brincar comigo, não estão? Vão-me desculpar, mas eu não tenho tempo para isto..." foi a conversa possível com o empresário de Aveiro que se negou a comentar mais o assunto, concluindo que "aos malucos não se diz que não".
Resposta semelhante obtivemos das "Ói-Óai Editora", "Peperjohn&Son Editions" e "MuitaBom", de um total de 11 editoras nacionais.
"Superar as barreiras que encontramos e que encontraremos daqui em diante também faz parte do projecto. O cepticismo acabará quando virem o que conseguiremos produzir", conclui António Simões.
"E o tempo fará o resto".
"E o tempo fará o resto".
Sem comentários:
Enviar um comentário