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O "Máscaras de Salazar", do Fernando Dacosta, já foi.
Deixo-vos o brilhante excerto de Eduardo Lourenço, aquando do lançamento da 1ªEdição em 1997, de que gostei bastante:
Aliviados mas vazios
"O imaginário introduzido pelo 25 de Abril não foi suficientemente poderoso para apagar o imaginário do regime anterior.
Enterrámos permaturamente o antigo presidente do Conselho. Houve um processo de escamoteamento, de recalcamento da sua figura, o que nos impediu de fazer o luto por ele. Quando desapareceu ficámos aliviados mas vazios. Salazar cultivou, aliás, a arte do apagamento e da obscuridade, a grande arte do silêncio. Não podemos, porém, viver como se ele não tivesse existido, ou como se fosse um acidente da história. Ele foi a história. Precisamos de ter lucidez para compreender isso, pois o passado condiciona sempre o presente, e este o futuro. É importante conhecermos a alma que o seu regime nos deu, nos tirou. O salazarismo foi uma maneira de ser Portugal. Profunda, penúmbrea, misteriosa. Tinha como que uma certa inocência que nos tocou fundo, e por muito tempo. Os que o criaram não queriam que confundíssemos o seu regime com o fascismo e, muito menos, com o nazismo.
Comparada com as novas ordens então dominantes na Europa, a nossa foi pouco totalitária. Houve um Portugal do Estado Novo, dentro e fora do País, e esse Portugal foi o último que se assumiu e viveu como um destino".
O próximo da lista é o "Diários Inéditos da Guerrilha Cubana".
E se for tão bom como anterior durará pouco.
1 comentário:
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