Marquês: um sitio à parte
Toda a gente já passou na Praça Marquês de Pombal.
Para quem passou mas não deu conta, o "Marquês" foi aquele sitio onde o carro em que seguia foi buzinado ou buzinou àquele outro que se atravessou à frente, convencido de que cortar 5 faixas para se dirigir para a saída imediatamente a seguir era coisa que não ia causar transtorno a ninguém, mas que acabou virado de pernas para o ar porque bateu num autocarro. Coisas que acontecem. Talvez tenha explodido.
O "Marquês" é aquele sitio onde acontece quase de tudo e onde se faz quase de tudo, excepto ir - efectivamente - onde se deve.
Existe um código, uma conduta própria que o automobilista deve seguir assim que chega à rotunda:
- O automobilista aponta a dianteira do veículo à faixa onde pretende entrar - ou apenas parte da dianteira do veículo, caso o resto da referida faixa de rodagem esteja ocupada pelo veículo que circula na faixa ao lado mas que, em duvida acerca da faixa onde deve seguir, decide seguir um pouco pelas duas - e deixa a magia acontecer.
As opiniões dividem-se nesta ultima parte.
Enquanto uns dizem que o correcto é deixar a magia acontecer naturalmente, outros defendem que a magia não é mais do que a arte de iludir e que tal envolve muito trabalho, sendo o treino rigoroso a forma fundamental para um correcto - ainda que totalmente aleatório - atravessamento da rotunda.
Há até quem reze, enquanto o veículo é - inevitavelmente - contornado por um sem numero de automóveis que acabaram de bater, bateram ou vão bater, mas o certo é que o fazem enquanto seguem pela faixa errada.
Numa rara visão de futuro, pode-se dizer que não foi por coincidência que os artistas Francisco Sanches, Adão Bermudes e António de Couto colocaram um leão ao lado do Marquês de Pombal, no seu monumento em homenagem a Sebastião José de Carvalho e Melo.
Será símbolo de poder e força, claro, mas desde 1934 que lembra aos Lisboetas que, mais do que uma rotunda, aquilo é uma selva.
E é o que aquilo é, de facto.
Sem comentários:
Enviar um comentário