sábado, dezembro 28, 2013

O escalar

- O que vão querer?
- Um café. Cheio, se faz favor.
- E o senhor?
- Ora, eu... a bola de Berlim é com creme?
- É sim.
- E o Croissant é de chocolate?
- Sim sim.
- É um croissant então.
- Quer que aqueça?
- Espere! Está ali um mil folhas!
- Quer antes o mil folhas?
- Espere! Está ali um jesuíta!
- Quer que...
- Espere! Aquilo é um pastel de feijão?
- ...é...
- Ok, eu já vi o que precisava...
- E?
- Esqueça os bolos. Quanto quer pelo Café?






À mão livre

Ao fecho do 10º ano de actividade é tão fácil cair em promessas.
Promessas disto e daquilo, fundamentalmente daquilo, visível apenas ao longe mediante apontamento de dedo, e que nunca se materializará em nada ou coisa nenhuma, fundamentalmente coisa nenhuma, ao alcance do olho humano.
E, ao mesmo tempo, é tão fácil não prometer nada.
Melhor, fechar a porta, por fim a tudo - do que se poderá dizer nunca ter tido um inicio - e fazer algo diferente, exactamente igual. Papel químico.

Do que daqui se poderá concluir, se até aqui tiver tido o leitor paciência de chegar, é que o mais difícil será mesmo não fazer nada, não dizer nada, e continuar.

E é tão difícil não dizer nada, não é?
Uma promessa, só uma, uma volta apenas para mostrar o modelo, um piscar de olho...

Que venha 2014. Que venha.
Temos o escritório aberto. Esteja à vontade.
Quer café?
É que não temos...


terça-feira, dezembro 24, 2013

O Natal

Mais que um Feliz Natal, queria desejar-vos um Feliz Natal.
Parece a mesma coisa e parece bem, porque é a mesma coisa.
Aliás, é a mesma coisa. Daí parecer a mesma coisa.
Se bem que há coisas que não são a mesma coisa e, contudo, parecem a mesmíssima coisa, sem tirar nem por, mas não é o caso deste. Este é a mesma coisa.
E, aproveitando, desejo-vos um Feliz Natal.
Se há hipótese de aproveitar, é o meu melhor conselho, que se aproveite.
Daí desejar-vos também um Feliz Natal.
Parece um 3 em 1 mas não é, porque é tudo a mesma coisa.
Mas lá está, neste caso parece mas não é.

É uma época complicada, eu sei.


Um Feliz Natal!
Quase que me esquecia.

quarta-feira, dezembro 18, 2013

Pronomes demonstrativos

Precisava de lhe dizer, e para isso arrepio caminho, que nos viemos embora. 
Viemos todos embora, saímos, tratámos de bater com a porta e pôr pés a caminho. E com eles, claro, tudo o resto, pelo que não mais voltaremos lá. 
Não sobrou nada, não deixámos nada, porque tudo o que havia há muito que era pouco. E tudo o que era pouco, que agora é nada, ainda servirá por mais uns tempos porquanto, como lhe disse, é tudo o que ainda temos. 

Tratarão de lhe contar mentiras. Que do dia se fazia noite e da noite o dia, que eram vozes, irão dizer que isto e que aquilo e mais não sei o quê, que sim e que não, mas continuaremos sem voltar depois disso, porque "isto" e "aquilo" serão, como o são hoje, apenas pronomes demonstrativos e nós "pés a caminho com tudo o resto", como frisei anteriormente, pelo que o tempo não voltará a trás por palavras, nem nós por seja o que for. 
Do resto nem valerá a pena falar. 

Fomos embora e, por mais não fosse que pela perfeição do pretérito, não voltaremos.
Chame a isto o que quiser. Nós chamamos-lhe Chinchila.