domingo, julho 25, 2010

O Engenheiro

Luanda era uma cidade fantástica! As pessoas conviviam muito, era espectacular, ir ao Restauração, que era o cine-teatro, e ao Barracuda - ou o Restinga! - comer marisco, bem! Nunca fui lá, mas diziam que era bonito.
Eu andava muito era por Nova Lisboa, porque a fazenda era logo ali ao lado [aponta para a direita] e era só quando o meu pai não precisava de mim, para enviar algum recado ou aviar alguma coisa para as colheitas. Era costume levar o Toyota e olha rapaz que aquilo andava bem! Uma vez, numa curva, surgiu o Engenheiro e ia-o matando! Era vizinho de meu pai, senhor já de idade... tinha ido de Lisboa em 38 ou 39 e dizia que nunca mais havia de voltar, que isto aqui era só gente parva! Vivia bem o Engenheiro, já se sabe... e então andava sempre de cá para lá, com o Toyota, e quando podia ia à caça. Um dos empregados lá de casa, o Mindo, sabia bem caçar e ao Sábado era costume irmos aos leões, logo ali ao lado [aponta para um pão de leite]. Os meus irmãos também vinham, mas não caçavam. Foi coisa que acabou quando comecei a namorar, em 68, com uma das filhas do Engenheiro. Chamava-se Maria. Um dia - nunca mais me esqueço, era terça - estavamos em casa, mão aqui, mão ali e apareceu o Engenheiro, ficou vermelho!! [gargalhadas] Parecia que ia tendo um ataque! Eheh, coisas da idade já se sabe... mas ele não gostou muito. E quando caçávamos não podiamos fazer barulho porque os animais sentiam e fugiam. O Mindo nunca queria que levasse o Ford Escort porque fazia muito barulho. Também andava bem!
Quando o fui buscar a Nova Lisboa quem me lá levou foi o Engenheiro, que gostava muito de autómoveis. Tinha uns 4 e dizia que nunca eram de mais, incluindo o Mini da Maria. Cooper S! Quando experimentei o Escort mandei uma traseirada que o Engenheiro até foi parar aos bancos de trás! Ele era rabugento, não gostava muito de mim. Quando voltámos ele ainda lá ficou mas acho que depois foi para a África do Sul. Nem nunca mais vi a Maria. Ela também caçava, ensinou-lhe o Mindo. Era um grande caçador. Um dia disse-me para disparar para um leão que estava escondido atrás de um arbusto. Era um arbusto alto, estava como daqui para ali [não aponta para lado nenhum] e eu mandei-lhe dois tiros seguidos. Ouviu-se um berro. Era o Engenheiro."


José Augusto Moreira, 71 anos
Reformado

quarta-feira, julho 21, 2010

McCann voltam à carga

O advogado do casal revelou ontem que novos indicios e pistas estão a ser seguidos de forma a não deixar morrer a investigação.
Segundo o próprio, a pequena Maddie terá sido vista em Praga a ser pegada, trincada e metida numa cesta enquanto ria e dava a volta à cabeça.

As autoridades encontram-se já em campo.

terça-feira, julho 20, 2010

Numa de facilitar

- ...e com Shakira e o seu tema "Gypsy" chegámos ao fim da 1ªhora de musica... faltam precisamente 11 minutos para faltar um quarto de hora para as 15:33, fique connosco para mais uma hora de musica e para mais informação... seguem-se as informações de transito...Paula, como vai o transito?
- Vai bem Rui.
- Ora inda bem, voltemos à musica...

quinta-feira, julho 08, 2010

Matrix


- Ah, "deja vu"...
- O que disseste??
- "Deja vu". Vi dois gatos pretos...
- Isso não é bom, há um erro na matriz!
- Humm?
- Viste o gato duas vezes, há um erro na matriz... eles estão a efectuar ajustes!
- Epá, são os meus gatos, a Teka e o Bekas!
- Tens dois gatos pretos? De certeza?
- Tenho pá, estava a brincar, não foi deja vu nenhum! Dass!
- Brincas com coisas sérias...
- Olha, pega lá mas é nesse canto do frigorifico e vamos levá-lo para ali senão não saímos daqui hoje.
- Tá calor aqui.
- Tu e essa porra de gabardine também é coisinha que vai acabar...

domingo, julho 04, 2010

A memória

Conto-te uma de abrir a boca! Lá estava sempre muito calor, aquilo é terra muito quente... e vermelha, lá a terra é quase da cor desta camisola [aponta para a manta], nunca mais me esqueço... e tão depressa estava a chover como a fazer sol, era assim, lá era assim... e uma vez, em 1964 ou 1965, começaram-se a ouvir uns tiros e fui com o meu pai, que era pessoa honesta e muito querida por lá... tratava todos os empregados com respeito, todos gostavam muito dele, lá da vila era capaz de ser dos melhores patrões! E havia muita miséria, os brancos viviam bem mas os outros... ó ó... eram barracas! Barracas de madeira com tecto de... e chovia, chegava a chover lá dentro... lá chovia muito, era assim. E num dia, eu e o meu pai andavamos lá pela quinta e ouvimos uns tiros e o meu pai disse "Ó Zé, traz o jeep!". Era um Toyota, trouxemo-lo para cá em 1975 julgo eu, numa traineira até Faro, e durou muito tempo. Era um tanque, passava por tudo! Pedras, lama... tudo! E o Tibane veio connosco, ninguém conhecia aquelas terras como o Tibane. Faleceu há uns bons anos esse Tibane, ainda o voltei a ver em Lisboa na Baixa! Vê lá, o Tibane na Baixa! As voltas que o mundo dá. E tinha um Cortina vermelho, assim da cor desta camisola [aponta para as calças], nunca mais me esqueço, carro bom na altura! Vivia bem o Tibane! E então fomos lá, ver do que eram os tiros... e perdemo-nos.


                                   


José Augusto Moreira, 71 anos
Reformado

sábado, julho 03, 2010

Se calhar foi do calor

Sou capaz de estar a braços com um problema.
"Estar a braços" humm? Expressão gira... mas dizia, estou capaz de estar a braços com um problema: hoje sinto-me estupido.
E doem-me também os pés, mas com isso não tenho problema nenhum. É mesmo a parte do estupido que me preocupa.
E porquê? Porque hoje ainda não fiz nada que me fizesse sentir estupido e ainda assim sinto-me estupido ao ponto do gajo que observa escalas de estupidez se virar para mim e dizer: "pá, se calhar vamos ter de aumentar esta escala de estupidez, porque estás quase no topo"...

E isto não é bom. Bom é um pastel de Belém quente polvilhado de canela e açucar, mas agora agora até nem ia cair especialmente bem, visto estar fechado numa mina de carvão algures em território chinês.
Acontece-me muito.

quinta-feira, julho 01, 2010

"Procura-se"


Procura-se eixo traseiro para Renault 4 F4 (R210B), não interessa o ano, em bom estado.

Sim, é para a JU.
Sim, conseguiram entortar-lhe aquilo.
Não, provávelmente não terei sido eu...

Por acaso ninguém tem um destes aí debaixo da cama já desmontadinho, não?
Vai mesmo sobrar para mim, não vai?
Vou mesmo ter de ir tirar um a um lado qualquer, não vou? :)