quarta-feira, abril 30, 2014

Uma pergunta

- Sou assaltado constantemente por uma pergunta. Todos os dias, a mesma e simples pergunta... quem?! Quem julgas tu que és? Passar a maior parte do dia a pensar em ti, ao ponto de não saber quando penso, quando não penso, és tu, és uma linha que atravessa o meu dia, existem razões para pensar em ti, eu sei, também penso nelas, isso é responsabilidade minha. Fazer figuras ridículas porque sinto o teu perfume, não é teu, é de milhões, fizeram e fazem-se milhares de litros dele, engarrafado e distribuído por todo o mundo... o teu perfume. E nem estás lá, é teu o perfume e nem estás lá... isso também é responsabilidade minha. 
Mas enquanto durmo? Sonhar contigo? Porquê? Quem julgas tu que és?!
- Olhe, eu por acaso ia só tirar-lhe a leitura do contador da água, se pudesse ser...
- Isso justifica tanta coisa. Faça favor.



sexta-feira, abril 18, 2014

Pessoas que não percebem, parte 1

- E a velhota morreu?
- Não pá! Deu um tiro abaixo do joelho!
- Ahhh... coitada.
- Não estás a perceber: o outro disse-lhe "dê um tiro abaixo da mama esquerda"!
- Eich! Já percebi! Ahahahahahaha!!
- Já?
- Sim sim... ahahahah, bem que loucura...
- ... percebeste mesmo?
- Percebi, percebi!
- ... então explica lá...
- Era velhota, já estava meu gágá!
- Ó Rui, agora a sério... nós somos amigos há quantos anos?



quarta-feira, abril 16, 2014

Não festejamos

A 15 de Março de 2014, o Teorias das Trevas selou 10 anos de existência.

Por esquecimento do autor, tal facto não foi - sequer - mencionado, muito menos celebrado sob a  forma de uma qualquer imagem típica/cliché de aniversário, como um bolo com 10 velas ou uma folha de calendário de 2004, nada.

Passou completamente ao lado. E vai continuar a passar.
Aqui não se passa nada.

Nadinha.

domingo, abril 13, 2014

Ba Dum Tss

Duas crianças brincam numa sala.

- Eu digo que não!
- E eu digo que sim!
- E eu digo que não!
- Eu repito, sou a favor!
- Mas tu não concordas comigo? Que merece um não?
- Concordo.
- Então porque dizes que sim?
- Porque tenho de dizer o contrário do que tu dizes, para as pessoas que não concordarem contigo concordarem comigo e eu depois ir para o teu lugar. Depois direi que não.

Ao longe, enternecidos, os pais estão orgulhosos.
Se tudo correr bem, os seus filhos irão ser políticos e conseguirão, finalmente, estragar a vida ao filho do casal do 2º andar, que tem a mania. E ao casal também, que agora se farta de trabalhar mas que no futuro não terá reforma.

A câmara afasta-se.
A imagem escurece.

Está tudo fodido.