quinta-feira, dezembro 24, 2015

Atacadores

Ora, 2015 está a acabar e hoje, véspera de Natal, andei a embrulhar uns presentes e constatei que não fiz dois embrulhos iguais.
Aliás, não sei qual deles o mais bem feito, porque todos tinham "um truque", uma manha, uma dobra a mais, um vinco mal feito... mas não me preocupei muito, ou nada, porque aquilo é mesmo para desfazer aos rasgões.

Estabeleci, contudo, uma relação curiosa: eu embrulho presentes como aperto os meus atacadores.
Ou seja: ninguém faz como eu, qualquer um percebe que está mal feito e/ou que não deve ser bem assim mas, no fim, os atacadores estão atados, os presentes estão embrulhados e vamos todos às nossas vidas...

São coisas destas que nos fazem sentir verdadeiramente o Natal, não são?
Deus, não, livra!
São os cajus! O bolo rei, as filhoses, os coscorões, o arroz doce... 

...embrulhos mal amanhados?! Vocês devem estar é parvos!



Um Feliz Natal!

segunda-feira, outubro 19, 2015

De tirar o cavalinho

Se desistimos disto?
Tirem os cavalinhos da chuva.




Não, a sério, tirem os cavalinhos da chuva.
É uma frase que se percebe tão bem, qual é o vosso problema?!

terça-feira, setembro 15, 2015

A anedota do andor de 2 toneladas que era uma anedota

- ...mas ele morreu mesmo como, de doença?
- Não, calma! Para a procissão lá da aldeia fizemos um andor de 2 toneladas e ele caiu-lhe em cima e esmagou-o.
- Epá, essa também é muita boa! Olha esta: está um inglês, um francês e um português num bar...
- Mas que tipo de bar?
- Sei lá, num pub.
- Num pub?! Isso não faz sentido nenhum, vou-me embora...

quinta-feira, agosto 06, 2015

Compressas

Tu bem que te contorces, fechas os olhos, procuras encolher e juras que, se te cortares, não sangrarás, sairá ar ao invés. Mas não. És como os outros, és mais um.
Não és especial.
E mesmo sabendo que sangrarás dirás que não, que não foi fundo, talvez tenha ido mais fundo do que esperavas mas que te safarás bem com meia dúzia de compressas - que se assim foi com os outros também assim será contigo - e em dois ou três dias estarás de volta aos combates, serás mais um na linha que todos aguentam e onde todos esperam voltar a casa. Ela não cairá contigo.
Mas não és especial, já o sabias. E então desesperas.
Quando dás por ti não pensaste.
Quando dás por ti és ridículo.
E quando dás por ti és humano.

Somos todos. Menos o Mendes.
Esse era da Figueira da Foz.
O Mendes era parvo.


José Augusto Moreira, 71 anos,
Reformado

segunda-feira, agosto 03, 2015

Mecânismo

Todos na aldeia desejaram o novo sol.
E foi, com tranquilidade, que o viram erguer-se,
Rasgar o horizonte qual luz indomável,
Fonte de todo o poder, esperança e alegria,
Impondo o seu manto aos campos, às árvores e ás plantações.

Todos dançaram. A ninguém faltou contentamento.
Eis o novo sol.
Eis o novo brilho, o novo calor, a nova vida!
E, dançando, esgotaram 3 dias.

Porém, contudo, o sol era o mesmo.
E há quem diga que todos o sabiam.

domingo, julho 19, 2015

O homem que não sabia correr

O homem que não sabia correr, dizem, tinha das passadas mais bonitas do mundo.
E embora não o soubesse fazer, agora, como devia, eram-lhe atribuídas algumas das vitórias mais sensacionais de todos os tempos.
Um dia, ao perguntarem-lhe o que planeava fazer daí para a frente, ele sentou-se e sorriu.
E descascou uma banana com os pés.

Moral da história? Não faço ideia. E ele muito menos.


segunda-feira, junho 22, 2015

Poesia encapotada

Batem leve, levemente, 
Como quem chama por mim. 
Será chuva? Será gente? 
Gente não é, certamente 
E a chuva não bate assim. 

Fui ver, eram os Kelly Family. 
Todos. 
E tive de fazer de conta que não estava em casa.

quarta-feira, junho 10, 2015

O que são 20 anos entre amigos?

O eléctrico voltou, de novo, ao Príncipe Real.
Voltou dia 28 de Maio de 2015, praticamente 20 anos depois da ultima vez que tinha lá passado.
E não interessando sob que forma voltou, para turistas e não para os utentes de todos os dias, o que interessa é que voltou, as coisas parecem estar a mudar e, diz-se, não acabarão por aqui.
E tudo isto é tão interessante para mim.

Na minha linha temporal é como se tivesse passado lá há alguns anos. Mas nunca há 20.
Contudo, prova irrefutável que de facto a vida voa, passei em 1994.
Se pensar bem sobre isto, passei os últimos 20 anos à espera e 20 anos são muitos, muitos anos.
Ao longo da minha vida mudei de escolas, fiz amigos, perdi familiares, fui operado, comprei carros, fiz toda uma vida perfeitamente normal. E agora vejo o eléctrico ali, de novo.


É, parece que está a mudar.
E faço figas para estar certo, enquanto tenho a noção do que são 20 anos.
Vinte anos são muitos, muitos anos. 




terça-feira, maio 19, 2015

Semana John McTiernan

Inauguramos esta semana dedicada a John McTiernan falando... de John McTiernan.
Confesso que lhe dedico esta semana embora durante muitos anos, e até há bem pouco tempo, desconhecesse a vastidão da sua obra mas vejo-o, hoje, como um marco da sétima-arte e de toda a arte em geral.
Um verdadeiro Marco. Embora se chame John. Mundo curioso, este.

Faz-me lembrar o meu tio Rodrigo.
Durante muitos anos chamei Rodrigo ao meu tio, era pequeno, e foi com uma certa incredibilidade que mais tarde soube, através de terceiros, que não só o meu tio Rodrigo não se chamava Rodrigo como também não era meu tio. E que era pequeno, não eu mas sim o meu tio, que não era meu tio, porque era um anão, o único anão residente em Santa Comba Dão em 1990.

O meu tio, que não era meu tio, como John McTiernan não é Marco embora, e é preciso relembrar, seja, para mim, um marco não só da sétima-arte como de toda a arte em geral.

Mas porquê John McTiernan?
Uma questão pertinente que pode, e merece, ser respondida com outra pergunta: e porque não?

Porque não dedicar uma semana ao génio que deu fez de Bruce Willis o herói de Die Hard ou de Schwarzenegger a força d"O Predador"?
Porque não dedicar uma semana ao inventor que, em 1982, decidiu dedicar-se aos curtumes, numa herdade perto de Beja, utilizando uma técnica então ainda completamente desconhecida de curtir peles usando um piano de cauda do século IXX, à base de copos de cortiça prensada, ao artista plástico que só no ano passado vendeu mais de 100 obras, a maioria em guache e tinta acrílica, e que era, em 1996, o único a pintar com o auxilio do pénis?

Por tudo isto e por muito mais damos assim inicio à semana John McTiernan, uma homenagem não só ao homem mas também ao génio e ao empresário da panificação que, ainda em 2002, olhou para um pão com chouriço e perguntou "que merda é esta?".





domingo, abril 26, 2015

Fernando Salgueiro Maia

Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. 
Os sociais, os corporativos e o Estado a que chegámos. 
Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o Estado a que chegámos! 
De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. 
Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser, fica aqui. 

discurso de Salgueiro Maia, Escola Prática de Cavalaria (EPC)
25 de Abril de 1974



E chegaram a Lisboa.

Infelizmente e daqui para a frente foi a bandalheira que conhecemos.

segunda-feira, março 09, 2015

"Bairro", da 14ª à 16ª parte

Isto não anda mal de todo. Não anda não senhor!
Perguntem a quem quiserem como é que anda isto do Teorias e a resposta vai ser sempre:
- "Não sei, não conheço".



Rubrica "Bairro", XIV - Arame
Janeiro 2015


Rubrica "Bairro", XV - Velha gaiteira
Fevereiro 2015


Rubrica "Bairro", XVI - Às carrachulas
Março 2015

segunda-feira, março 02, 2015

Música em cativeiro

Dois portugueses, aborrecidos com o facto das rádios passarem sempre as mesmas músicas em loop, prometem maior revolução dos últimos 20 anos.




António Simões e Mário Rodrigues, dois estudantes de Engenharia Mecânica no Instituto Superior Técnico, fartaram-se das playlists da maioria das rádios nacionais e, dizem, tiveram a ideia enquanto ouviam a "Wind of Change" dos Scorpion.

"Corremos tudo, desde a Cidade à RFM, Comercial, Antena 3... estávamos na M80 quando o António gritou "é isso!" e desde aí as ideias têm sido umas atrás das outras" conta-nos Mário, visivelmente entusiasmado.

"É tão boa que até uma rádio como a M80, por exemplo, com uma playlist super datada, específica daquele período, poderá passar musicas novas. É uma proposta de criar velho hoje. O mercado dos anos 80 é enorme e isso dá-nos força para continuar".



A ideia, que sob a forma de projecto conta já com 2 versões, propõe criar música dos anos 80 em cativeiro, em local ainda a designar.
"Teremos de ter algum cuidado, nomeadamente com a variedade do material genético e a alimentação, que será fundamentalmente à base de rações e do Canal TCM, pelo menos de inicio. Dado que será um mundo novo, desconhecido, teremos de ir fazendo ajustes pelo caminho. No fim teremos sucesso", afirma António Simões apesar de saber que existem vozes discordantes.

"Não temos tido sorte nas negociações. Ainda não temos o capital necessário para avançar e os investidores não costumam apreciar ideias revolucionárias sem conhecer resultados, mas os estudos estão a terminar e está tudo no bom caminho".


Rádios aplaudem

"Se for avante será mais que uma lufada de ar fresco" diz Sérgio Mota, locutor da Naftalina FM. "Numa estação como a nossa, onde passamos musicas apenas dos 80's, já não há música nova. Aliás, há muitos anos que não há... poder ter algo novo, mais não seja que um cruzamento de Duran Duran com Barbra Streisand, um Elton John com Madonna, Michael Jackson com Bonnie Tyler... o que eu gostava de uma Michael com uma Tyler...".


Rui Fontes, da Melancolia FM, vai mais longe:
"É reconfortante, nesta altura de crise, ver os jovens com ideias que prometem revolucionar a sério algo, neste caso a industria musical da década de 80. Estaremos cá para os apoiar no que for preciso, não é todos os dias que se faz história".

"Revolucionário", "excitante". Um sem numero de possibilidades.


Editoras não concordam nem percebem

Revolucionária para uns, controversa para outros, a ideia dos dois estudantes não parece encontrar nas editoras a força de que precisa.

Para a "WTF", de Júlio Pires, a ideia parece ser uma brincadeira.
"A sério? Vocês estão a falar a sério? Eles querem fazer o quê? Vocês estão a brincar comigo, não estão? Vão-me desculpar, mas eu não tenho tempo para isto..." foi a conversa possível com o empresário de Aveiro que se negou a comentar mais o assunto, concluindo que "aos malucos não se diz que não".



Resposta semelhante obtivemos das "Ói-Óai Editora", "Peperjohn&Son Editions" e "MuitaBom", de um total de 11 editoras nacionais.

"Superar as barreiras que encontramos e que encontraremos daqui em diante também faz parte do projecto. O cepticismo acabará quando virem o que conseguiremos produzir", conclui António Simões.
"E o tempo fará o resto".

terça-feira, fevereiro 24, 2015

Said by no one ever

"Jorge Augusto Miranda da Silva Gomes Coutinho e Sá" como era chamado pelos amigos e bem, já que era esse o seu verdadeiro nome ao contrário de "Raúl", "Pedro" ou "Miguel", deixou-nos hoje pelas 16H após anos de sofrimento.

Depois de muitos anos de drogas, álcool, prostitutas, roleta russa, tráfico de armas, quilómetros em contra-mão, criação de crocodilos, roubos, extorsão, pedofilia, dividas de jogo, limpeza de amianto, dentes do siso, violência doméstica e contrabando, o Jorge desapareceu hoje vitima de um exagerado consumo de azeitonas de alho, entrada muito habitual e, aliás, a sua favorita em qualquer refeição onde estivessem presentes.

Porque elas sabem bem, mas fazem um mal...
Até sempre Jorge.



sexta-feira, fevereiro 13, 2015

Bric-à-brac

O segredo é a alma do negócio.
A alma é o negócio do segredo.
O negócio é o segredo da alma.

Isto ficava a matar num livro do Gustavo Santos.

segunda-feira, janeiro 26, 2015

Fiscalização dos stocks

Temos até ao final do mês para entregar toda e qualquer informação relativa aos nossos stocks e isso tem-me deixado bastante apreensivo.

Em primeiro lugar porque, num blog com tantos anos, é normal alguma desarrumação e esquecimento, situação agravada ainda pelo facto de andarmos em obras, o que não facilita em nada a contagem do que quer que seja.
Em segundo porque, segundo me dizem, os blogs não têm stocks e, por isso, fazer listagens de algo que não existe não só é estúpido e redundante como também é estúpido e redundante. E impossível.

Ora, de entre estas duas razões podem tirar-se um sem numero de conclusões, principalmente se a maioria estiver relacionada com o facto de tudo o que foi atrás enumerado ser, para além de ridículo e estúpido, ridículo e estúpido. E impossível.
Peço desculpa pelas sucessivas repetições, mas tínhamos excesso de stock.
Se são para ir fora mais vale ir usando.

Pois bem, temos cerca de 4 dias úteis para não fazer nada de possível, então.
Está giro.


terça-feira, janeiro 13, 2015

Ainda a propósito de Paris

Depois dos ataques da semana passada, ao Charlie Hebdo, todos falam em liberdade de expressão.
Todos, atenção: os que podem falar.

Mas dos que falam, dos que se tentam exprimir, os mais incríveis são os que apontam os limites do humor, a sua imposição, a sua noção básica e que ataques destes, pagos com a vida, são uma normal acção-reacção sob aqueles que não souberam ter noção de até onde podiam ir.
Tudo isto... sem saber distinguir uma rábula de um supositório.

Pois bem, eu compreendo.
Há sempre quem goste de defender o contrário do normal, mais não seja para se evidenciar, ter um certo carisma, um toque de inteligência de retaguarda de quem, mesmo arredado, vê mais que toda a gente.
Sim senhor, eu compreendo, já o tinha dito. Há chicos-espertos em toda a parte.
Queiram apenas compreender também, se se derem a esse trabalho, que para imporem limites ao que quer que seja têm, no mínimo, de saber o que é "o que quer que seja", neste caso, o humor. Caso contrário irá ser por demais ridículo, "frases cheias de nada e um eterno vazio que enche". E isto já é poesia.

Ora o que é, então, o humor?

Não meus amigos, infelizmente não, que eu não me dou a esse trabalho.
Não por vocês.


Um desenho do Maomé a fazer felácios a três homens encapuzados e armados, às escuras, num motel barato às portas de Paris. 
Vê-se é muito mal.