sábado, fevereiro 26, 2011

As voltas que isto deu, hein?

Carlos é um nome.
Carlos Barbosa é uma odisseia.

Em pequeno nunca aprendi a jogar à bola. Não por falta de vontade, ou melhor, esta não faltou no inicio... faltou apenas quando me dei conta que a bola nunca ia para onde eu queria que fosse. O meu pai, acredito, terá ficado bastante desapontado mas eu acabei por ter jeito para outras coisas.

Com o Carlos Barbosa foi parecido.
Como presidente do Automovel Clube de Portugal - e acerca da interdição de circulação na zona Baixa de Lisboa e Avenida da Liberdade a veículos anteriores a 1993 - afirma que "nem sequer sabia que ainda havia carros destes a circularem mas que serão sobretudo táxis e carrinhas de distribuição muito velhinhas a serem afectadas...”, mostrado estar um bocado ao lado do que se passa no parque autómovel português (a da realidade financeira de quem nele vive, os portugueses).
Como adepto - e possivel candidato à presidencia do Sporting Clube de Portugal - avisa, em entrevista a Luís Delgado (jornal A Bola), que "não se admirem - os árbitros - se adeptos de qualquer clube lhes fizerem uma boa espera", mostrando estar um bocado ao lado de tudo daquilo que é suposto saber-se, do fairplay, da ética e do simples "isso não se faz", ao alcance de qualquer cidadão, mesmo que não perceba nada de bola.


A coisa corria mal para Carlos Barbosa, que corria o sério risco de ser chamado de "Besta".

Mas a 24 Fevereiro 2011 Carlos Barbosa afirmou que a Autoridade da Concorrência "tem de funcionar de uma vez por todas e não pode continuar no laxismo, a fazer comunicados que não têm nem pés nem cabeça e, sobretudo, não intervir" e "cumprir o que lhe exigido, que é verificar se há ou não concertação de preços nos combustíveis em Portugal e por que é os preços são tão altos".

Porque são altos, de facto.
Mais, Carlos Barbosa pediu a demissão do presidente da Autoridade da Concorrência realçando que "o que se está a passar em Portugal não faz sentido absolutamente nenhum, independentemente do aumento do crude devido às crises no Médio Oriente".

Ou seja, Carlos Barbosa - que até ainda à 2 minutos atrás podia legalmente ser considerado uma besta pela infelicidade das suas declarações e pela infelicidade de parecer estar a desempenhar funções que deviam estar a ser desempenhadas por alguém que soubesse do que está a falar ou que se soubesse expressar melhor - passa de besta a bestial, porque menciona que o preços dos combustíveis está estupidamente alto e - e esta parte é importante - não acha isso normal.
Porque não é... não é nada normal.

Normal é, por exemplo, o presidente da Galp, Ferreira de Oliveira, ser linchado em praça publica - e incendiado, mas apenas com gasolina Galp 98 octanas - por dar-se ao luxo de anunciar os lucros obtidos pela petrolífera nos ultimos anos nos meios de comunicação.

Sim, porque era de valor.
Temos um homem que justifica a escalada do preço dos combustíveis com o aumento do preço do crude e temos um homem - o mesmo - que no fim do ano apresenta os lucros da empresa. Milhões.
Ou seja, temos um homem que apesar de saber como surgiu o lucro não se importa de divulgar os valores do saque, ao invés de o guardar bem guardadinho e mostrar apenas a quem verdadeiramente ganha com isso.


Ninguém avisou o Ferreira que não foi inteligente. E que até para roubar é preciso ser inteligente.
Talvez seja por isso que Ferreira de Oliveira seja considerado um grandessíssimo Otário.

As voltas que isto deu, hein?


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