sexta-feira, setembro 20, 2013

É mau quando a espectacularidade cai por terra

Alcatroaram um buraco aqui ao pé de casa. Eu explico.

O buraco estava devidamente sinalizado na parte do meu cérebro que identifica todas as irregularidades que as suspensões dos meus carros absorvem em determinados pontos específicos da cidade, ou seja, naquela que percebe que o carro bateu em alguma coisa de uma maneira que não devia e que desata a fazer contas a possíveis danos e custos de reparação.
É inevitável. Não consigo deixar de o fazer.
E, claro, estava colocada uma bandeirinha vermelha num mapa mentalmente criado noutra parte especifica do meu cérebro, por várias outras palavras possivelmente descrita mas aqui iremos ser simples e directos, que muito simplesmente me diz "voltas a passar por ali e és um estúpido do [...], pensa no que isso faz às rótulas e aos casquilhos".

É uma voz específica. Tenho várias.
Às rotulas e aos casquilhos, sim.

Lisboa, foto de Júlio Reis Silva tirada daqui

De maneira que hoje a voz mental entrou em cena, eu desviei a rota e o pneu frontal direito percorreu quase milimetricamente o perímetro do buraco, quem viu certamente pode ter achado aquela manobra espectacular uma óptima maneira de evitar chatices, tudo muito giro e tal mas nada de verdadeiramente relevante porque o buraco já tinha sido tapado, sendo que o alcatrão ainda brilhava de tão novo que era.

É mau quando a espectacularidade cai por terra.
A "bandeirinha vermelha", colocada com tanta pompa no meu mapa mental de buracos, demorou bastante tempo a memorizar. Foram muitas as falhas, os "ai, fod..-se! Esqueci-me!", foi duro... mas desapareceu numa tarde, dois anos depois.

Ora, problemas destes, com anos, só desaparecem numa tarde por uma razão: Autárqui... autár... au-tár-qui-cas. Autárquicas!
É isso, autárquicas. Como são de 4 em 4 anos esqueço-me. São um período muito intenso, muito repleto de tudo, promessas, microondas, alcatrão, etc, mas esqueço-me.
Por acaso é um problema que tenho, esqueço-me muito de muita merda que não me interessa rigorosamente para nada.

Mas eu tenho backups.
A bandeira vermelha da minha rua reaparecerá daqui a meses. E durará anos. Quatro, para ser mais preciso.
E depois eles virão tapá-lo outra vez, com notas de 500 euros, só para ser mais espectacular.
Minhas e vossas. Muitas.

E tudo isto porque alcatroaram mal um buraco aqui ao lado de casa.
Há pessoas que nunca estão contentes com nada, cambada de estúpidos.
Venham daí esses votos.

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